Coração selvagem
Quem vê a vida assim
pelas telas
pode cair na ilusão
no doce abismo
que é pensar
que todo mundo
é feliz
e ponto.
Tudo vai bem
não há lágrimas
nem dúvida
tudo calmo
resolvido.
Desta cama
eu vejo o domingo
passar lento
feito filme
devagar
câmera lenta.
Domingo
chuva
porta fechada
cama desarrumada
vontade de te ver
mandar mensagem
deitar contigo
olhar o teto
os caminhos
o parque
as crianças.
Mas não dá
não tem teto
nem caminhos
nem crianças
nada.
Só uma segunda vida
um espirro de leveza
misturado com prazer
descobertas
desejos e
uma paz sem explicação
pode ser que um dia
pode ser que não…
Rápida, eu corto o sonho
rejeito essa faísca
calor estranho
incômodo
que me faz querer mais
hoje e amanhã.
Mas só temos o hoje
mesmo que o coração
feito cavalo selvagem
queira ganhar os campos
subir os montes
sonhar estrelas
e rodopiar
louco
inconsequente
pelas pastagens.
*Poema publicado originalmente na Revista Eletrônica Ruído Manifesto. http://ruidomanifesto.org/tres-poemas-de-larissa-campos/
*Poema publicado na edição especial da Revista Pixé em homenagem à Revista Eletrônica Ruído Manifesto. Leia a edição completa abaixo:
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