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Cilindradas





mãos ansiosas

carregadas de urgência,

pernas mais velozes

que motos de mil

cilindradas


carregam histórias

carregam agonias

carregam

carregam

carregam


a vida grande

agora pequenina

engarrafada em cilindros

escassos


peças insuficientes

de um museu em fogo

repleto de incontáveis

insuficiências


alguém avisa:

- Ela vai morrer!

- Aguenta firme

o cilindro já vem.

Não vem.

- Aguenta firme

a UTI já vem.

Não vem.


como numa equação

confusa e fria

a vida está para todos

nem todos estão para a vida.


viro a ampulheta invisível

sem saber quantas viradas

ainda tenho

e sigo a contar.


intercalo palavras

e fôlegos e velas

numa oração constante

em que tudo é curto

e rápido como motos velozes:

quanto fôlego resta

até o apagar da última

vela?

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Boas vindas!

Por aqui você encontra um pouco da minha produção como escritora, especialmente contos, poemas e crônicas. Gostou? Compartilhe com outras pessoas.

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