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Em busca da própria voz



Numa sociedade patriarcal, ser mulher é nascer com o destino traçado, com as regras postas e a missão de repetir os caminhos que muitas outras mulheres seguiram antes de nós, “um passado de conivência e consentimento com a ordem, a tradição, o costume”. As vozes do patriarcado, ainda tão presentes, dizem o que devemos fazer e esperam que realmente façamos. “Coração Madeira” é a história de libertação de uma mulher que, apesar de nascer num contexto tão patriarcal, luta para ter voz própria e ser senhora de suas escolhas e destinos. Ao longo do livro escrito por Marli Walker , acompanhamos as transformações de uma mulher que deixa o sul do Brasil (sertão de lá) para viver no interior de Mato Grosso (sertão de cá, terra de desafios e baratas gigantes). Mais do que as aventuras de quem se atreve a desbravar territórios desconhecidos, a obra é um convite ao mergulho no sertão de dentro, lugar das mais sinceras e necessárias metamorfoses. Em terras mato-grossenses, a Filha do Meio decide fazer faculdade de Letras, descobre a vocação para ensinar, batalha por uma profissão, nasce para a poesia. Os desafios impostos a ela são muitos e vêm de todos os lados, incluindo o casamento marcado pela voz patriarcal, que tenta estabelecer limites e sufocar os sonhos da Filha do Meio. Entre dores e alegrias, componentes da vida, ela se fortalece e cresce a cada página, até se transformar em “Coração Madeira”, “matriarca do seu coração, da sua razão, do seu destino”. Conhecedora de seus caminhos e lutas, ela não permite retrocessos em sua caminhada, nem relações que tentem limitar seus voos. “Coração Madeira” é resultado de linhas do tempo que se entrelaçam, reconhecimento aos que vieram antes, aos que nutriram suas raízes e fizeram com que crescesse mais e mais. Em nome de todos eles e de si mesma, ela segue. Ao ganhar voz e fazê-la ecoar, a protagonista também cumpre a missão de dar voz a outras mulheres, fortalecendo histórias como a dela. “Agora se sentia pronta para enfrentar seu próprio sertão. O sertão de dentro. A sua própria voz. Estava em paz consigo, com a poesia, com a linha do tempo que avançava em grandes passadas”.

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