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Resenha | A fúria, de Silvina Ocampo



Embora seja considerada uma das maiores escritoras argentinas, Silvina Ocampo está longe de ser popular. Era muito amiga de Jorge Luis Borges e casou-se com Adolfo Bioy Casares, bem mais conhecidos do que ela. Tinha em Julio Cortázar um admirador de seus escritos, assim como em Clarice Lispector. O livro da foto é uma coletânea lançada pela Companhia das Letras e traz 34 contos escritos por Silvina. Habilidosa na arte de escrever ficção, a autora é um verdadeiro presente para o leitor que gosta de ser surpreendido por narrativas perturbadoras, permeadas pelo horror e por doses certeiras de humor ácido. Os personagens das histórias construídas por Silvina repelem padrões morais, expõem seus pensamentos e sentimentos obscuros, escancaram a perversidade, tentam se redimir através da maldade. Ou seja, eles são tudo aquilo que nós tentamos ocultar o tempo todo. Filha de uma rica família argentina, Silvina era considerada excêntrica, não gostava de compromissos sociais. A personalidade dela grita nas narrativas que escreveu, diante das quais é impossível ficar insensível. Entre os contos que mais gostei, estão: ▪️ A casa de açúcar – sobre a metamorfose da protagonista (Cristina) em Violeta, a antiga habitante da casa onde ela vai morar com o marido. ▪️ A paciente e o médico – sobre a obsessão (sexual) de uma moça por seu médico. ▪️ O casamento – uma garota de sete anos coloca uma aranha venenosa no coque da vizinha que vai se casar. ▪️ Os sonhos de Leopoldina – narrado por um cachorro, o conto trata sobre uma senhora que tem o poder de materializar objetos com os quais sonha. ▪️ A fúria – uma menina coloca fogo na amiga (Lavínia), que morre em seguida. O ato de crueldade é o início de uma vida perversa, que deixa marcas em muitas pessoas, como é o caso do narrador. Para os fãs de uma boa ficção, os livros de Silvina são uma preciosidade. Falecida em 1993, por complicações relacionadas ao mal de Alzheimer, ela segue influenciando novos escritores. Uma delas é a argentina Mariana Enriquez, autora de “As coisas que perdemos no fogo”. Para Mariana, nos dias de hoje, a voz da “mulher estranha” finalmente descobriu quem a escutasse.

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