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Resenha | De gados e homens



Atordoador. Essa é a função desempenhada por Edgar Wilson, o personagem principal do livro “De gados e homens”, da Ana Paula Maia. Edgar trabalha no matadouro “Touro de Milo”, onde estabeleceu um ritual: com o sangue frio que lhe é característico, ele lambuza o dedo de cal, desenha uma cruz entre os olhos do ruminante, antes de acertá-lo em cheio com a marreta.


O alojamento onde Edgar dorme fica exatamente ao lado do confinamento do gado. “Somente as vozes de um lado e os mugidos do outro é que distinguem homens e ruminantes”. Em razão do ofício, Edgar desenvolve habilidades para lidar com os animais e para compreender quando algo está errado com eles.


As habilidades do atordoador (meio homem, meio bicho) serão úteis para desvendar o desaparecimento de animais do pasto do Seu Milo, o dono do matadouro. Mais do que isso, a obra leva a reflexões importantes. Edgar Wilson entende ser um assassino (não só de animais) e pensa que um dia haverá de acertar as contas por todas as mortes causadas por suas mãos.


Mas os que comem a carne também não seriam assassinos? Edgar se sente impuro e moralmente aceitável, um homem para matar, como poucos. No entanto, “os que comem são muitos e comem de modo que nunca se fartam. São todos homens de sangue, os que matam e os que comem. Ninguém está impune”.

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