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Resenha | Dias de abandono


Eu esperava que “Dias de abandono” me arrebatasse, mas ele me cansou. Queria conhecer a escrita de Elena Ferrante e comecei a ler sobre os livros dela para definir qual deles seria o primeiro. Certa de que não gostaria de começar pela “Tetralogia Napolitana”, li resenhas sobre as outras obras até bater o martelo. Cheguei a ler vinte páginas de “Dias de abandono” em outubro de 2020. Interrompi a leitura por perceber que não estava com clima para o tipo de história que encontrei naquelas páginas. Acontece.


Retomei o livro às vésperas da virada de ano. A trama é narrada por Olga, uma mulher de 38 anos que é deixada pelo marido (Mario) após quinze anos de relacionamento. O casal teve dois filhos: Gianni e Ilaria. O início da narrativa é bastante envolvente e nele a autora escancara o sofrimento de alguém que sente o chão sumir após a separação. Acompanhamos Olga (passional, intensa) no trabalho de assimilar o abandono, senti-lo na pele e, diante do baque, não se deixar perder na torrente de pensamentos perturbadores. Em vários momentos, ela dialoga com si mesma: “Não regrida, não se perca, se segure. (...) Ele foi, você fica”. (p. 54)


Elena Ferrante tem uma escrita forte, direta, não faz floreios. A Olga que ela constrói parece caminhar para um desequilíbrio inevitável. Passa a ter lapsos de memória, dificuldade de se manter presente, atenta à realidade, inclusive no que se refere aos cuidados e necessidades dos filhos e do cachorro, Otto. A personagem tenta aquietar a visão de dentro, manter os pensamentos sob controle, mas parece sempre mais perdida. E conforme isso se consolida na história, o leitor é levado a acreditar que “vai dar ruim” a qualquer momento.


Na minha experiência de leitura, tudo foi muito envolvente até por volta da metade do livro (com quase 200 páginas). Chega um momento em que a obra toma um ar repetitivo, percebido nas construções narrativas, nos conflitos da protagonista, nas cenas criadas pela autora. A leitura ganhou um compasso arrastado até a última página, em que o desfecho “mais do mesmo” me fez indagar: “Cadê Olga, aquele furacão das primeiras linhas?”.


Em breve, retomo o contato com a obra de Elena Ferrante.

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